Causas do Burnout no Trabalho
O Que Está a Esgotar-nos?
Sabemos que o burnout está cada vez mais presente nas conversas, nas redes sociais, nas consultas de
psicologia.
Mas ainda há muitas dúvidas sobre o que o causa, especialmente no contexto profissional.
“É só porque trabalho muito?”
“Será que sou eu que não aguento a pressão?”
“Será que estou no emprego errado?”
O Burnout não aparece “apenas” por trabalharmos muitas horas.
O Burnout é multifatorial. E, neste artigo, vamos falar sobre as
principais causas do Burnout no
trabalho para que possas identificar o que te está a desgastar (e começar a fazer algo em relação a
isso).
O que é o burnout, só para contextualizar.
O burnout é um estado de esgotamento físico, mental e emocional causado por exposição prolongada a stress
crónico no contexto laboral.
Não é preguiça. Não é falta de resiliência.
É o resultado de um sistema que não está a funcionar bem, dentro e fora de ti.
As principais causas do burnout no trabalho:
- Excesso de carga de trabalho
Este é o clássico. Ter mais tarefas do que é humanamente possível cumprir.
Reuniões sem fim, prazos apertados, acumular funções, responder a e-mails às 22h.
Trabalhar muito de forma ocasional não causa burnout.
Trabalhar muito, sempre, sem tempo para recuperação... isso sim, esgota.
- Falta de controlo
Quando sentes que não tens voz nas decisões, que tudo muda em cima da hora, que o teu esforço não influencia
nada... instala-se a frustração.
A sensação de impotência é um fator de risco fortíssimo para o burnout.
Sentir que dás tudo, mas não tens autonomia, é profundamente desgastante.
- Reconhecimento insuficiente
Trabalhas bem, esforças-te, entregas resultados... mas ninguém nota.
Ou, pior ainda, notam apenas quando algo corre mal.
A falta de valorização corrói a motivação e aumenta o risco de Burnout.
O cérebro precisa de reforço positivo para continuar a investir energia.
- Falta de apoio da liderança
Chefias tóxicas, comunicação agressiva, microgestão, ausência de empatia.
Se o ambiente é dominado pelo medo, pela pressão constante e pela insegurança... a saúde mental vai abaixo.
Não é só o que se faz ,é como se lidera.
Uma liderança pouco humana é terreno fértil para o Burnout nas equipas.
- Ambiguidade ou conflito de papéis
Quando não sabes exatamente o que esperam de ti, ou tens funções que se sobrepõem a outras, ou ficas no meio
de conflitos entre departamentos...
A confusão constante leva ao stress crónico.
Sem clareza de funções, gastas energia a tentar perceber o que fazer, em vez de simplesmente fazer.
- Falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
Levas o computador para o fim de semana, respondes a mensagens à noite, pensas em trabalho quando estás com
a família.
Quando o trabalho invade todos os espaços, deixas de ter tempo para ti.
E sem tempo para ti, não há regeneração possível.
- Valores desalinhados
Estás num ambiente onde se valorizam coisas com as quais não te identificas, competição, pressão, resultados
acima de tudo e tu sentes-te a remar contra a maré.
Quando o que fazes no dia a dia está em conflito com os teus valores... o desgaste é inevitável.
Burnout não é só sobre “não saber lidar com stress”
Esta ideia precisa mesmo de cair por terra.
O Burnout não acontece porque és fraca ou sensível demais.
Acontece quando há um desequilíbrio entre o que é exigido e os recursos disponíveis — internos e externos.
E agora? O que fazer se estás a identificar-te com estas causas?
- Faz uma pausa para refletir — O simples facto de reconheceres o que te está a
desgastar já é um passo enorme.
- Pede apoio psicológico — As consultas de psicologia ajudam-te a ganhar clareza e a
tomar decisões com mais consciência.
- Avalia o que está ao teu alcance mudar — Podes negociar prazos? Redefinir
prioridades? Pôr limites mais claros?
- Cuida do teu corpo e da tua mente — Sem culpa. Dormir, comer bem, movimentar-te e
ter momentos de prazer não são luxos são ferramentas de sobrevivência.
Conclusão: não é “mimo”, não é “falta de resiliência”
O Burnout é real. E as suas causas estão muitas vezes nos ambientes de trabalho mal estruturados, nas
lideranças desumanizadas, nas culturas que glorificam a exaustão.
Se te sentes no limite, se já não reconheces a pessoa que eras antes, se acordas cansada todos os dias... ouve
esse sinal.
Tu não foste feita para funcionar como uma máquina.
Mereces trabalhar num ambiente que respeite a tua humanidade — e cuidar de ti não te faz menos profissional.
Faz de ti uma pessoa inteira.