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Hiperestimulação e PHDA

Hiperestimulação e PHDA

Para pôr ordem nessa confusão e ajudar quem anda a saltar de assunto em assunto sem saber bem porquê.
Imagina que entras num open space cheio de gente a falar, notificações a pipocar no telemóvel, luzes de ecrã por todo o lado e um pensamento atrás do outro a pedir atenção. É isso a hiperestimulação: um pico de estímulos externos (e internos) que te deixa ansioso, disperso e, muitas vezes, exausto… mas momentaneamente.

  • Causa: contexto barulhento, excesso de informação, redes sociais a todo o vapor.
  • Duração: costuma ser curta desde minutos até algumas horas.
  • Solução: pausa, silêncio, desligar aparelhos, caminhar ao ar livre ou respirar fundo.

Se aquela azáfama passa e consegues voltar ao teu ritmo normal, muito provavelmente era só hiperestimulação

Algo mais profundo: a PHDA
Já a PHDA (Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção) não é “só um dia atarefado”. É um traço neurobiológico presente desde cedo na vida, que:

  • Afeta a atenção: dificuldade em manter o foco em tarefas longas ou aborrecidas.
  • Impulsividade: respostas rápidas muitas vezes antes de pensar nas consequências.
  • Atividade interna: aquela sensação de “mil pensamentos” a fervilhar.
E a PHDA não desaparece quando mudas de ambiente ou desligas o telemóvel. É um padrão crónico que exige avaliação psicológica (entrevista + testes psicologicos) para confirmar o diagnóstico.

Os sinais que ajudam a distinguir

Hiperestimulação PHDA
Picos de ansiedade em contextos específicos. Distração e impulsividade constantes, desde a infância.
Normalmente resolve-se com descanso ou pausa. Persiste mesmo com estratégias de descanso e gestão de estímulos.
Ligada a fatores externos imediatos. Presente em múltiplos contextos (trabalho, casa, relações).
Não costuma afetar autoestima a longo prazo. Pode gerar frustração crónica e baixa autoestima.

Por que é importante não misturar

  • Quem vive hiperestimulação descansa, muda de contexto e alivia a carga.
  • Quem vive com PHDA precisa de intervenção estruturada: avaliação, terapia, aprender formas desorganização e gestão de tempo, e em alguns casos, medicação.
Confundir os dois pode levar alguém a pensar “é só stress, paro de olhar para o telemóvel” quando, na verdade, precisa de ferramentas específicas para gerir atenção, impulsividade e autoestima.


Estratégias em cada caso
Se for hiperestimulação Se for PHDA
Desliga notificações por períodos programados. Agenda uma avaliação psicológica online.
Faz pausas curtas longe do ecrã. Trabalha com: planeamento, listas de tarefas realistas e autorregulação emocional.
Pratica técnicas de grounding (pés no chão, respiração consciente). Adota sistemas de organização (apps, cronogramas, lembretes visuais).
Faz atividades relaxantes (meditação, leitura) após o trabalho. Cultiva hábitos de sono regulares e exercícios físicos para ajudar na regulação interna.


No corre-corre de hoje, é fácil dizer “sou distraída/o” e aceitar o caos. Mas vale a pena parar e perguntar:
“Será que isto era um pico de sobrecarga… ou me acompanha desde sempre?”
Reconhecer hiperestimulação é saber quando abrandar. Reconhecer PHDA é o primeiro passo para um acompanhamento especializado e, acredita, pode fazer toda a diferença na tua vida.

Sofia Carvalho 30-07-2025

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