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Preciso mudar, mas não mudo

Preciso mudar, mas não mudo

Metade do ano já passou e ainda temos algumas, se não todas, as resoluções de Ano Novo por tratar. Todos os anos é a mesma coisa, prometemos mundo e fundos, cheios de convicção, cheios de certezas e chegamos a dezembro do ano a seguir exatamente iguais ao ano anterior. Queres saber porque que isso acontece? Então lê este texto até ao fim. Começo por te explicar como funciona o nosso cérebro. O nosso cérebro é um órgão preguiçoso. Ele sente-se bem a funcionar sempre com o menor esforço possível, não gosta de gastar muita energia. Imagina-o no teu sofá na ronha todo o santo dia. Por gostar de gastar o mínimo possível ele é resistente à mudança, insiste sempre nos caminhos que para ele são conhecidos. Estes caminhos são criados pelas nossas vivências ao longo de toda a nossa vida, quanto mais velhos somos, mais definidos estão estes caminhos. Por isso é que quando somos crianças aprendemos mais rápido que quando somos adultos. Isto é ciência, não é sentença.

Esta base científica é importante de teres em mente porque é com ela que vais conseguir perceber porque te comportas de uma forma e não de outra. Vou voltar a usar a metáfora dos caminhos para te dar um exemplo mais prático sobre mudança.

Imagina uma floresta cheia de vegetação, daquelas dos filmes, onde até é difícil de andar. Essa floresta é o teu cérebro quando nasces. Cheio de vegetação. Com o passar do tempo começas a aprender coisas novas e nessa mesma floresta começam a ser criadas estradas, primeiro estradas de terra batida, mas que com o passar do tempo acabam a ser alcatroadas. Cada hábito que crias é uma estrada diferente.  Quando aprendes a andar de bicicleta no início pensas em tudo, no volante, na altura do selim, no sítio dos travões, … Isto é a tua estrada de terra batida. Depois de aprenderes a andar bem já não pensas em nada disto, é a tua estrada de alcatrão. Agora imagina estas estradas para tudo aquilo que já fazes em “piloto automático”, desde lavar os dentes a comer demais depois de um dia aborrecido. Estas são as estradas que o teu cérebro vai querer usar, as estradas já feitas. 

Outra coisa que precisas mesmo de saber é que não podes simplesmente perder um hábito, precisas de o substituir por outro. Não pode ficar nenhum vazio. Precisas de compreender o que procuras sentir com um determinado hábito para assim o conseguires substituir por outro. Supõe que comes muito e percebes que só comes muito porque estás constantemente aborrecido/a e o que pretendes é sentir que fizeste alguma coisa. Para deixares este hábito vais precisar de o substituir por outro que te dê a mesma sensação. Pode ser por exemplo ligares para alguém para conversar em vez de ires ao frigorifico. Com o telefonema vais conseguir parar o aborrecimento e sentir também que fizeste alguma coisa. Claro que vais ter dias melhores e dias piores, mas pensa, quem consegue construir uma estrada nova num dia? 

Sofia Carvalho 30-07-2025

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